segunda-feira, 2 de maio de 2011

O HOMEM ZELOSO E O KIFUMBE

Era uma vez…

Na Angolândia, uma país que vivia dias d epaz e muitos sorrisos nos rostos das crianças, havia um homem muito humilde, amigo dos filhos da esposa e de seus familiares. Todos o respeitavam por isso e sentia-se ele um homem feliz . Tinha a família ao seu lado.

Um certo dia resolveu visitar os parentes da esposa. Ela chamava-se Ngueve e ele Njamba. Pelo caminho, num cruzamento, encontrou um homem sem pés nem braços. Fazia tudo com a boca. Era desconhecido naquelas paragens, mas Njamba muito atencioso decidiu-se em dar-lhe ouvidos e atender as suas preocupações.
- Para aonde vão? - Perguntou o estranho.
- Visitar os meus sogros. – Respondeu Njamba.
- Também vou. – Afirmou o estranho.
- Tudo bem. – Respondeu Njamba sem questionar como ele iria e a que velocidade.
N a sua peculiar calma e paciência, Njamba arranjou uma maca e transportou o homem estranho que não se calava durante o caminho. Era tão impertinente que chegava a dar ordens a quem o transportava de graça.
- Pára aqui para beber água - Ordenou a certo momento.
- Pára ali que quero comer um figo. Vira acolá que quero descansar numa sobra de mufumeira .
Paciente, Jamba foi aturando até chegarem à aldeia dos sogros que distava uns treze quilómetros.
Mbuanga e Katambi, os sogros, receberam-nos como muito prazer e emoção. Até mesmo o estranho foi tratado como se de família se tratasse sentando-se também ele à mesa para o banquete .
- Eu só como carne e muita carne. – Disse o estranho Kifumbe.
- Ok. Sem problemas. Far-te-emos as honras da casa. Aguentamo-nos com as ervas que também nos fazem bem. - Disse Katambi, o sogro de Njamba, que teve a concordância da mulher, da filha e do genro.

Já de regresso à casa, os pais de Ngueve, que eram muito velhinhos, ofereceram ao genro muito gado, aves e cereais que colocaram numa carroça puxada por bois. Levaram de volta o estranho "empata" que não queria ficar naquela aldeia onde dizia ter parentes…
Ao chegarem ao mesmo cruzamento em que o encontraram pela primeira vez, o kifumbe disse para o casal: - Temos que repartir tudo o que vos ofertaram porque eu também fui visita na casa deles.
Mais uma vez Njamba concordou, embora tivesse a discordância da mulher, mas manso como era aceitou. Njamba não gostava de confusões. Deu-lhe dois cabritos, um boi, cinco galinhas e um saco de milho.
- Mas não é tudo. Não vês que falta uma coisa? – Perguntou o kifumbe.
- Uma coisa? Como assim? Não te dei parte do que me ofereceu o meu sogro? - Respondeu-lhe Njamba já meio aborrecido.
- Falta dividirmos a tua mulher - Disse-lhe o atrevido sorridente.
Chateado, perante aquela petulância e falta de gratidão, Njamba meteu-se aos choros e a clamar por socorro. Apercebeu-se de que estava perante um fantasma. Um assassino.
Primeiro apareceu um pássaro e depois um cão que perguntaram a Njamba por que estava ele a chorar de tanta raiva. Njamba explicou o que se tinha passado e o pássaro perguntou ao kifumbe:
- Como se pode repartir um ser humano ao meio?
O kifumbe sem resposta tentou atirar-se ao pássaro, mas este chamou pelo cão que correu com ele. Assim, a mulher ficou salva e a felicidade voltou a fazer parte daquele casal.

Moral da estória: Não se deve confiar em demasia nos estranhos.