segunda-feira, 1 de abril de 2013

AS FÉRIAS DO JACINTO


Este texto é parte do livro "as travessuras do Jacinto", no prelo.

 
No ano de 1974, já depois dos acordos de Lunhamege, no Moxico, Jacinto que estudava a quarta classe, tinha decidido passar as férias grandes em casa do tio Wandisyapo, irmão mais novo da mãe.

Quando o tio se despediu, estava ele com os dois irmãos mais novos Lito e Xendi Vali, que também foram gozar férias, e os três primos filhos de Wandisyapo: Bernabé, Kokelo e Ndakavele.

- Meninos, vou à caça. A fome espreita e é preciso arranjar algo para acompanhar o pirão.[1] - Disse o tio Wandisyapo, acompanhado de cães valentes e uma espingarda de caça “22 longos”.

- Está bem tio. - Respondeu Jacinto que era o mais crescido entre os cinco meninos.

Volvidos três dias de retiro pela coutada de Kameya, onde a caça era abundante, lá estava de volta Wandisyapo com muitas presas. A caçada tinha sido tão boa que precisou de duas viagens para transportar os animais abatidos.

À primeira viagem, disse ao sobrinho:

- Sobrinho Jacinto, enquanto vou buscar outros animais que guardei na mata, vai esfolando estes, que estão juntamente com o cavalo.

Jacinto que não era de negar orientações, fossem elas claras ou não, pôs-se a cumprir a empreitada. Matou o cavalo e o esfolou juntamente com os animais que tinham sido pousados junto do equino[2].

Chegado da segunda viagem e já visivelmente cansado, Wandisyapo perguntou se alguém tinha levado o seu cavalo de estimação.

- Não tio. O cavalo está misturado aqui na carne de caça! - Respondeu Jacinto.

- Na carne de caça? Como assim? - interrogou WandIsYapo.

- Sim, esfolei-o conforme o tio me ordenou!

Se não fosse a polidez de Wandysiapo o assunto teria resvalado em briga familiar, pois a sua esposa, Witangi, já tinha corrido ao soma Katyopololo para expor o assunto e mandado alguém à embala do Vye para chamar os pais de Jacinto. Mas, avisado como era, o tio Wandisyapo ultrapassou o assunto. Apenas deu uma reprimenda ao Jacinto que prometeu maior atenção antes de executar as tarefas.

 

 



[1] Massa pastosa feita de farinha de milho, o mesmo que funje.
[2] Cavalo.