Este texto é parte do livro "as travessuras do Jacinto", no prelo.
No ano de 1974, já depois dos acordos de Lunhamege, no Moxico,
Jacinto que estudava a quarta classe, tinha decidido passar as férias grandes em
casa do tio Wandisyapo, irmão mais novo da mãe.
Quando o tio se despediu, estava ele com os dois irmãos mais
novos Lito e Xendi Vali, que também foram gozar férias, e os três primos filhos
de Wandisyapo: Bernabé, Kokelo e Ndakavele.
- Meninos, vou à caça. A fome espreita e é preciso arranjar algo
para acompanhar o pirão.[1] - Disse
o tio Wandisyapo, acompanhado de cães valentes e uma espingarda de caça “22
longos”.
- Está bem tio. - Respondeu Jacinto que era o mais crescido
entre os cinco meninos.
Volvidos três dias de retiro pela coutada de Kameya, onde a caça
era abundante, lá estava de volta Wandisyapo com muitas presas. A caçada tinha
sido tão boa que precisou de duas viagens para transportar os animais abatidos.
À primeira viagem, disse ao sobrinho:
- Sobrinho Jacinto, enquanto vou buscar outros animais que
guardei na mata, vai esfolando estes, que estão juntamente com o cavalo.
Jacinto que não era de negar orientações, fossem elas claras ou
não, pôs-se a cumprir a empreitada. Matou o cavalo e o esfolou juntamente com
os animais que tinham sido pousados junto do equino[2].
Chegado da segunda viagem e já visivelmente cansado, Wandisyapo
perguntou se alguém tinha levado o seu cavalo de estimação.
- Não tio. O cavalo está misturado aqui na carne de caça! - Respondeu
Jacinto.
- Na carne de caça? Como assim? - interrogou WandIsYapo.
- Sim, esfolei-o conforme o tio me ordenou!
Se não fosse a polidez de Wandysiapo o assunto teria resvalado em
briga familiar, pois a sua esposa, Witangi, já tinha corrido ao soma Katyopololo
para expor o assunto e mandado alguém à embala do Vye para chamar os pais de
Jacinto. Mas, avisado como era, o tio Wandisyapo ultrapassou o assunto. Apenas
deu uma reprimenda ao Jacinto que prometeu maior atenção antes de executar as
tarefas.