André, jovem de 25 anos e culturista, era operador da Konica, a famigerada fotocopiadora nos anos 90 do século XX, na empresa Kuditemo Lda., maior fornecedor de kuribotices de então na regedoriande Kuteka.
Ao André Kitingo se dirigiam todas as secretárias e pessoal do expediente que, na ausência do jovem, deixavam os documentos por fotocopiar, apensando-lhes recados em post it de distintas cromagens e modelos: longos e estreitos, formato coração, verde-amarelado, verde-alface, cores quentes, frias e rosa e tantas outras que, com o tempo permitiam-lhe descortinar a origem do pedido e adivinhar a ordem de urgência.
Sempre que o André voltasse ao seu posto, executava as tarefas e levava as cópias aos solicitantes, conservando, no entanto, os post it que depositava em uma caixa para posterior contabilização e relatório de trabalhos efectuados.
Lembramo-nos de alguns:
_ André, quero frente e trás. Jéssica.
_ Querido André, hoje quero só de trás. Bela.
_ Andrezinho, hoje tens de fazer rapidinho. Quero duas de trás. Rosa
_ André, sem demora, estou sem muito tempo. Quero de frente. Rápido... Andresa.
Tempos depois, o serviço mudou de instalações para obras de restauro. A caixinha de recados permaneceu naquele gaveto entre as duas alas do edifício. Vieram tempos de abandono, os mendigos, homeless, vagabundos e mulheres da vida fizeram das instalações o seu quartel. Alguns recados ao André foram materializados, mas a caixinha se manteve com a única alteração de ter ganhado poeira e bolor. Passou mais tempo. Vieram, finalmente os homens da empresa restauradora.
Os restauradores encontraram a caixa em que André conservara os recados, lendo, sem a devida contextualização os conteúdos ajindungados, levando-os a apelidar aquele cubículo de "prostíbulo do André".