quarta-feira, 20 de julho de 2016

UMA INCURSÃO À MUXIMA DA KISAMA

As primeiras estórias que ouvi da minha mãe e parentes, eu ainda infante, eram sobre "Kwisama kwete môngwa!" (há sal em Kisama!). Sim. Jazidas de sal gema que era muito procurado pelos africanos do interior do reino do Ndongo de que as terras da Kisama, Kambambi, Lubolu, entre outras, eram partes integrantes. Depois chegaram-me outras estórias sobre um local da Kisama, a beira do grande rio, onde os enviados do rei Tuga mandaram erguer um porto fluvial, uma igreja e outras instalações, dando início a um vilarejo que agora floresce com o surgimento do asfalto. Muxima, pois claro!
O acesso através da estrada asfaltada, EN110, um ramal que também nos conduz à rodovia principal para o Sumbe, faz do vilarejo um local aprazível para turismo interior, facilitado pela existência de instâncias hoteleiras e restauração, bem como por um mercado informal que floresce ao assobio silencioso do Kwanza navegável, o mesmo que levou o donatário Paulo Dias de Novaes ao Ndondo e Ndongo.

Aqui, contam os que frequentam o santuário católico com regularidade, acontecem coisas do arco da velha. Chegou-me ao ouvido que duas esposas de um mesmo homem bafejado pela sorte dos fáceis dólares do passado pegaram ambas em fotos da rival e foram pedir a "mamã coração" que afastasse a adversária do seu caminho.

- Mamã muxima, apareci sozinha, no tempo da pobreza, por que me surge uma intrusa na relação agora que é tempo de colheita, ainda por cima ela de carnes fartas? Ajude-me, mamã, a defuntá-la. Todo o víntimo vou trazer durante ano e meio, se a mamã me ajudar. - Terá suplicado Kadihiba, a primeira das esposas do sô Kitadi Yangu.

- Mamã do coração, já me deste metade do que te pedi nos últimos cinco anos. Só falta aquela cavalona deixar de privatizar o homem, tipo nasceram juntos do mesmo ventre. Outras abrem vaga, menos ela, mamã. Só falta um bocado. Mesmo metade do salário e metade de tudo que ele me dá posso trazer à mamã se ela abrir vaga. -  Implorou Kakinga, a Luanda dois.

O resultado, segundo o meu amigo Katimba, que jura ter visto com seus próprios olhos, foi uma pancadaria daquelas de pôr o padre com o pé no ngimbu, para que não fosse apanhado por um murro perdido na algazarra.

- Foi na hora de levar ao altar as ofertas e a prova (foto) do que se pede. Kadihiba com a cara de Kakinga e essa  com a da concorrente Kadihiba. As duas caralmente, olho no olho sem espaço para esquiva. Ali esmo, nome chama nome, começaram a se dar kibetu. - Narrou o sempre bem humorado Katimba que foi introduzindo, entre os supostos factos, elementos de sua criatividade, dando mais calor à narrativa.

Contaram-me também que as moças, aconselhadas por tias mais experimentadas, e algumas tias na idade entre " a sobra e o salda negócio" são as que mais preces dedicam à mamã para que mande no seu caminho um homem que tenha "quatro cês sem efe-a". Vou explicar melhor essa dos cês e sem efe-a. É tudo da lavra do Man Didas que nasceu na Kisama ao tempo em que os kisamistas se diziam ainda kwanza-sulinos: "casamento, casa, carro e conta farta sem filhos anteriores", reportou-me o Didi Segundo​ com a seriedade que lhe é característica.

Pois, essas estórias todas acrescidas ao discurso de um idoso do município biodiverso da Kisama que numa das barracas de Katete narrou a célebre frase "uxa dikongo, kuxê kitadi. Andodijiba (deves deixar dívida e não dinheiro como herança vão matar-se)!", levou-me a espreitar o outro lado do Kwanza, atravessando pela segunda ponte, da foz à nascente, a que se estende sobre os terrenos pantanosos da Kabala. Quem não se lembra da Kabala, reportada no antigo livro de leitura da segunda classe, ensino do tempo de Agostinho Neto, onde se lia: "na Kabala, uma pequena aldeia perto do rio Kwanza vive a família do Viti. O pai trabalha na loja do povo. A mãe trabalha na lavra. O Viti e os irmãos andam na escola".

Pois é. Transpus a Kabala instalado num FIAT Punto que ensaiava o motor, acompanhado da mulher, que ignorava o destino, e lá nos fizemos Kisama adentro, ou melhor, coração adentro. MUXIMA! A Entrada é de cortar a respiração. A estrada é um sulco sobre a montanha lamacenta nos dias de fúria de São Pedro. As habitações e outras construções melhor apresentadas, construídas em alvenaria para longa vida, acham-se em topos de colinas, fazendo as águas pluviais deslizarem até à curta zona plana que se estende longitudinalmente como faixa de lençol, entregando-se lateralmente ao Kwanza milenar.

As devotas peregrinas, sem chuva nem distâncias que as detêm, marcam presença no terreiro contiguo à capela ou nas instalações vizinhas, erguendo tendas de campismo. A capitania do Porto de Luanda, a polícia e outras instituições como o Partido MPLA mostram-se também aos residentes e aos visitantes com suas representações. E aqueles que exploram o turismo interior encontram a "senhora Ritz" ocupando a parte da zona baixa com módulos contentorizados a preço concorrencial.

- O kakusu tem de encomendar com antecedência. É preciso pedir "nos" pescadores para trazerem na faina da manhã. - Explicou a garçonete caprichosamente vestida. Uma saia chitada, neve branca da cintura acima e negro na batina a combinar com cabelos reais.

Quanto aos quartos, lá estão, branquinhos e arrumadinhos,  "mas se vier em tempo de maior peregrinação, tem de fazer reserva" para não lerpar. - Aconselha o gerente tuga, para quem "há quem até encomende o quarto com um ano de antecedência". Verdade ou não, foi a boca dele que cumpriu com o papel da fala. Quartos havia e de sobra num dia de chuva miúda, farta e continuada, com muximeiros escassos quando contados e comparados aos números milhentos das televisões em períodos de romarias sagradas.

- E a catedral mostrada ao papa Bento XVI, marido? Será que está noutro lugar fora daqui?! - Quis saber a mulher a quem sosseguei com um "está no Vaticano. Come e relaxa porque ainda temos 118 quilómetros até a casa!"

E partimos com a sensação de uma tarde bem passada e uma vivência curta que se recomenda à repetição da dose. Bem haja Muxima no coração do Município da Kisama que acolhe o Parque Nacional com a mesma designação.

domingo, 10 de julho de 2016

MATEUS 5:25

Era domingo. Segundo domingo do mês terceiro. O edifício de cultos, também conhecido como templo, pertencente à Igreja Pastor Murras -IPM- estava em reabilitação física. Era tempo de carências sociais. Faltava dinheiro às famílias para atender problemas de saúde, falta de empregos, pagamento ou construção de moradias, etc. Na IPM aonde as pessoas se entregavam a granel e levavam os poucos proventos, esperando pela repetição do milagre multiplicador ensaiado com os peixitos e pãezitos, era tempo propicio para boas colheitas em oferendas. a alta hierarquia da IPM, à semelhança Nodos agentes comerciais, publicitavam a sua crença nas rádios, nos jornais, em outdoors e espalhavam-se fliers pelas artérias das grandes cidades buscando a adesão máxima de pessoas. Os que estavam à rasca posicionavam-se nas filas dianteiras, os mais ou menos, iam titubeantes e os ricaços só iam se para ajudar a lav(r)ar o dinheiro. Naquele domingo de chuva e sol, era no alto do seu púlpito que o eloquente pregador Kabwiza cantava, como ninguém o fizera até à data, fazendo lembrar os textos sobre os anjos dos céus que faziam louvores ao seu criador com as suas arpas melodiosas.
Kabwiza puxava no canto enfático os seus acólitos: O coro central, a máquina melódica da igreja ou coro de mulheres e a máquina reformada que eram os homens de vozes toscas. E todos entoavam alegres "o tempos de colheitas". O piano soluçava as pausas e os tons mais elevados que até os mudos cantavam no seu intimo. Os surdos pareciam ouvir e cantavam na mesma cadência "messes abundantes havemos de trazer". Os balaios se revezavam sem contas. Era o espremer das carteiras e o sacudir das algibeiras até o último centil. Cantou-se para a recolha da accão de graças. Depois para o fundo de construção da igreja. Depois para a oferta normal dominical, depois o dízimo devido ao Senhor.
- Roubará o homem ao seu Senhor a décima parte, apenas a décima, que lhe é devida? - Questionou provocador o pregador Kabwiza, esperando, como sempre, um NÃO massivo. E assim foi.
- NÃO!
- Cantemos então o "madibesa kala nvula". Ordenou o pastor.
Na verdade, esse cântico "roubado" do livro de hinos de uma outra congregação religiosa já secular no país era a versão em Kimbundu (uma língua bantu daquele território africano) do primeiro hino cantado na versão lusófona. Para os crentes da Centenária, a IPM era uma "roubadora de hinos alheios e quase sempre mal cantados ou usados apenas para direccionar o povo ao balaio".
Madibesa kala nvula era um trunfo. Todos o cantavam até os que não percebiam a letra ou que não o relacionavam ao "Tempos de colheita" também gatunado à Centenária que tinha grande parte dos seus crente ambundu ou descendente destes.
Cantou-se "twabingi nvula kokwe" e caíram dízimos, vintemos e outras partes emotivas.
No fim da cerimónia, o pregador e o tesoureiro iam pesados numa viatura que os rapazes apelidaram de "agarra esse bebé", já roçada em todos os cantos por causa da imperícia inicial de quem ganhou o seu primeiro carro sem experiência de estrada. Faziam-se a caminho de casa suorentos, sedentos e apertados. Eram cinco no minúsculo "bebé".
Na derradeira curva, antes da casa, lembraram-se de comprar água para minorar o calor e a sede que os apoquentava. Os homens da farda que trabalhavam para manter a segurança regularidade do tráfego tanto pensavam nas tarefas que lhes foram acometidas como também banzelavam nos dois feriados que se avizinhavam e que calhavam nos seus dias de folga. Entretanto, foram as mazelas no "bebêzinho", quase a perder a brancura da tinta inicial, que despertou a atenção da patrulha.
- Quem vai à loja tem dinheiro. - Disse um dos homens de farda.
A quintilha esperou-os num largo de pouco movimento e passagem incontornável a quem trafegava naquela rodovia. E não tardou manda-los encostar o SUZUKI Alto no espaço desocupado que se achava num antigo largo.
- Bom dia Senhores!, saudou um dos homens, solicitando de imediato os documentos da viatura e os do condutor que levou ao bolso sem os consultar.
- Cinco pessoas nesse carro é muita gente. De onde vêm e para aonde vão, mais velhos? - Indagou o fardado ao condutor.
- Vimos da igreja e vamos para casa, chefe. Respondeu o pastor Kabwiza.
- Alguém é pastor entre os irmãos no carro? - Questionou homem fardado que se achava mais afastado do carro interceptado e cuidando da viatura em que se faziam transportar os homens fardados.
- Sim chefe. Eu mesmo sou o pastor. Por isso aproveito já pedir ao chefe para ler os documentos e nos dizer se podemos ir para casa. Há ameaça de chuva, como o chefe está a ver o céu escurecido, e com esse carro não dá jeito andar no bairro. - Informou quase suplicante, Kabwiza.
- Esse saco aí, apontava para o embrulho, tem lá o quê? Pode mostrar? - Inquiriu o terceiro agente que se fazia à direita da viatura abordada.
- É oferta, irmão. É dinheiro sagrado de Deus. - Respondeu o tesoureiro que ocupava um acento no banco traseiro.
- Ora bem. Vocês são cinco e nós também somos cinco. - Atirou provocador o agente principal, o que tinha os documentos no bolso, a olhar para o pastor Kabwiza. O irmão pode ajudar-nos a tirar uma dúvida que vem na Bíblia? É somente isso e já lhe devolvo seus documentos, pois tenho certeza que fará a mais fiel interpretação do santo livro.
- Está bem filho. Qual o capítulo? - Buscou Kabwiza que procurava desfazer-se daquela situação ardilosa.
- É Mateus 5:25, irmão pastor. - Recitou o fardado expectante.
Kabwiza folheou rápido o sacro-livro e foi ter com o texto "Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estas no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o ultimo ceitil". Confirmou logo as intenções dos homens de farda que tinham a lição estudada e não precisou de interpretar-lhes o que lera em voz alta. Desceu do carro para poder enviar as mãos ao bolso e, num gesto inoculável para muitos, trocou os centis que lhe restavam na algibeira pelos documentos que aqueciam a mão despida do homem da farta de caqui.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

LUZ ENCANDEIA COLÓNIA PRISIONAL

Já foi um local inóspito para desterro de gente que desafiou a máquina repressiva de Salazar e, depois,  Marcelo Caetano nos anos sessenta e setenta do século vinte. Na colónia prisional de Missombo, Cuando-Cubango, amputaram-se vidas mas realizou-se um sonho. O sonho da liuta pela liberdade e pela identidade angolana.

As palavras são de um antigo preso de delito comum mas que viveu na pele as sevícias a que eram submetidos os presos de delito político.

Artur, único antropónimo no bilhete de identidade, mostra um a um os antigos edifícios e recorda-se dos seus ocupantes ou das tarefas nelas executadas.

- Ali era o posto médico, aponta. Este era a oficina geral e ali, ao lado, a ficavam as cozinhas. Hoje tudo se foi com o tempo. – Recorda saudoso, apesar do sofrimento daquele tempo que a memória teima em conservar.


Os edifícios que configuravam a colónia prisional estão hoje todos em ruínas, restando uns poucos como o que acolhia os serviços administrativos, no piso superior, e as minúsculas celas na cave. O edifício principal foi reabilitado e serve hoje a Administração Comunal do Missombo, que dista perto de cvatorze  quilómetros de Menongue, a capital da província.

Apesar do estado em escombros em que se encontra o local, o administrador comunal diz que melhores dias estão por chegar e vai mais longe na sua premonição.

- Os mais velhos vão poder conferir os seus processos, rever o Centro com as mesmas feições arquitetónicas antigas e reviver os dias de cárcere e trabalhos forçados na fazenda ou na construção manual do dique. – Diz confiante Francisco Kassemuqueno, para quem "existe já um projecto integrado do Governo que visa manter vivas as páginas longas da luta dos angolanos pela emancipação", conta o administrador com a autoridade de um historiador, embora tenha estudado ciências agrárias.

- É o tempo em que estamos aqui e as tarefas a que somos chamados a executar que nos fazem ter de cor toda a história desse recinto. – Esclarece Kassemuqueno quando elogiado sobre o domínio da História do campo prisional de Missombo.

Uma cidade ergue-se, aos poucos, na cabeceira do antigo campo prisional, sendo que o perímetro irrigado já serve os estudantes do Instituto Médio Agrícola, construído, propositadamente, nas proximidades do antigo campo prisional para fazer parte do pólo urbano e valorização do que resta e do que se há-de construir no Missombo.

A caminho do Missombo estão também os estudantes do curso de agronomia da Escola Superior Politécnica do Cuando-Cubango, dependência orgânica da Universidade Kwito Kwanavale, cuja comissão instaladora foi já apresentada ao governo chefiado por Higino Carneiro e comunidade universitária.

As províncias do Cuando-Cubango e do Cunene "libertam-se assim da dependência da Universidade Mandume ya Ndemufayo que atendia a Huila, o Namibe, o Cuando Cubango e o Cunene, atendendo apenas as duas primeiras". - Explicou a Secretária de Estado para o Ensino Superior Maria Martins que visitou com o cronista o Instituto Médio de Agronomia e outras instalações que vão receber os estudantes de nível superior.

Mas, sobre o Missombo não é tudo. O campo correcional fez parte do triângulo penal repressivo da PIDE-DGS contra os nacionalistas angolanos. As colónias penais do Bié, Missombo e São Nicolau ou Bentiaba (existindo ainda o campo correcional de produção de Quibala, mas em menor escala demográfica), guardam registos sobre quão tenebrosa para os nacionalistas angolanos foi a "defesa" de um Estado que nunca pertenceu a Salazar e seu sucedâneo Marcelo Caetano.

Pelo Missombo passaram nacionalistas como Adriano Sebastião e outros, antes de serem desterrados para S. Nicolau (Namibe) ou Tarrafal (Cabo Verde).

Dos imóveis que ainda estão em pé e com alguma utilidade, contam-se poucos. Apenas os que atendem a administração comunal, a sede comunal do MPLA, a escola (edifício construído no pós-independência) a residência protocolar da administração comunal, a antiga esquadra policial (também erguida no pós independência) e o posto médico. O edifício multi-ofícios, as residências dos carcereiros e pessoal ao serviço da PIDE estão completamente destruídos pela acçao humana e do tempo.

 
O campo já acolheu, nos tempos em que o país era forte e frequentemente fustigado pelas South African Forces, SAF, uma brigada das FAPLA/FAA que defendia a cidade de Menongue contra o avanço dos sul-africanos carcamanos e seus apaniguados nacionais.

- O local vai ser uma espécie de museu com valor hostorico-turistico., Narrou o administrador Francisco Kassemuqueno, para quem os serviços da administração local vão passar para a nova centralidade projectada para a margem oposta da Estrada Nacional 140, onde já despontam, entre vários edifícios, o Instituto Médio Agrário, a Escola de Formação de Professores do Futuro (afecta à ADPP), a Escola Provincial de Turismo que contará com um hotel de trinta quartos, a Escola Nacional de Formação de Fiscais Ambientais (afecta ao projecto transfronteiriço "KASA"), etc.


De baixo do edifício da administração, onde nos encontramos, contou o administrador, estavam as celas subterrâneas para os presos que eram interrogados sucessivamente, numa espécie de tortura psicológica. Os menos perigosos eram usados para trabalhos agrícolas no perímetro irrigado ou levando pedras à represa", ajuntou o agrónomo que dirige a comuna.

-A antiga represa de água sobre o rio Cuebe foi reabilitada e modernizada, pretendendo o governo do Cuando-Cubango, narrou ainda Francisco Kassemuqueno, dar uma dimensão histórica ao Missombo que acolheu muitos dos nossos nacionalistas e obreiros da luta de libertação nacional contra o jugo colonial.

A primeira fase da Nova Centralidade de Menongue, explicou ainda Kassemuqueno, está a ser executada em Missombo. Segundo o "mwata mutolo (assim são tratados os administradores na língua ucokwe, sendo ele também um kacokwe), o antigo edifício de artes e ofícios já foi adjudicado para reabilitação, devendo conservar, à semelhança dos demais, o traçado arquitetónico original.

"A actual administração será transladada para a nova cidade, sendo as instalações do antigo centro prisional um Centro histórico-cultural e turístico, devendo possuir ainda a parte agrária" - Informou. 
O Kassemuqueno avançou também que "os processos dos antigos presos de Missombo ou aqueles que por lá passaram estão a ser negociados pelo Ministério da Cultura com os arquivos coloniais da Torre do Tombo, em Portugal, e, tão logo se tenha êxitos, serão transladados e arquivados na sala que atende hoje as reuniões da administração comunal". As demais casas, prosseguiu, também serão reabilitadas, sendo que já foi feito um levantamento do estado actual e nível de intervenção.

- Acho que não vai demorar muito tempo para dar uma visão mais realística daquilo que foi o centro. - Disse esperançoso, e a concluir, Francisco Kassemuqueno, o administrador comunal do Missombo.

 Nota:texto publicado pelo Semanário Angolense, 29 de Agosto de 2015.