segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A VIDEIRA E O EUCALIPTO

 (Um conto para a Lúcia Joelle Canhanga)

Desafiavam-se dias, tardes e noites durante doze anos.
- Ao pé de mim ninguém cresce. - Dizia o eucalipto ameaçador.
- Com o tempo, irei aonde eu quiser. - Desafiava a videira trepadeira.
Plantados no mesmo recinto e no mesmo ano pelo tio Mukalakadi, o eucalipto rápido assumiu o papel de ÁRVORE MAIOR. Era quem mais crescia, abafando as ervas e outras plantas que pretendiam firmar-se ao seu lado. Cresceu tanto que aos cinco anitos já era visto a dez quilómetros, dada a sua elevada altura.
Lento, horizontal e progressivo seguiu o pé de videira, deixando pelo caminho saborosas uvas que alimentavam os meninos do quintal, os pássaros e os cágados que eram os animais de estimação do tio Mukalakadi.
Com o tempo, a videira alcançou o arame farpado que encimava o muro e, sem pressa, se foi esticando até alcançar o eucalipto por um braço encostado ao muro do quintal.
- Cá estou eu. Duvide mais que não chagaria a ti. - Disse a videira entregando-se alegre ao sol.
- Deixe de me sufocar com tuas garras. - Reclama todos os dias o eucalipto que passa a vida a se sacudir para ver-se livre da videira.
É que o tio Mukalakadi já notou que os dois se tornam atractivos para os pássaros que já constroem ninhos nos ramos do eucalipto. Era algo antes impensável.

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