Era hora de almoço. No serviço, uma repartição pública da cidade alta do
Huambo, Job Katende e seu amigo Manuel Duas Horas, falavam sobre os avanços
tecnológicos entre o cruzamento dos Séculos XX e XXI e as dificuldades e
resistências que ainda se verificavam nas Organizações
do Estado e também em algumas privadas.
- As máquinas de dactilografia fizeram o seu papel, tornando legíveis,
padronizados e ágeis processos de elaboração de documentos institucionais.
Depois vieram as máquinas electrónicas, programáveis, rápidas e com um output
mais vistoso. Quem não se lembra de como eram tão lindos aqueles documentos
processados numa máquina movida a impulsos electrónicos e que ficava a meio
caminho entre a velha máquina mecânica de dactilografar e a moderno computador?
– Atirou Manuel Duas Horas, com o
garfo entre a boca e o prato de pirão.
Ainda hoje me fazem saudade. - Interrompeu Job Katende, regressando às
memorias com já meio século de tamanho. O Governo Electrónico deve ser um
caminho para ultrapassar os problemas que estamos com ele. Pode não ser
longo, até porque hoje o maior inimigo do homem é o tempo e o melhor amigo é
a tecnologia. – Reconheceu puxando o colega para mais dissensões a respeito
do assunto em pauta. Era hábito entre os dois buscarem uma conversa
inovadora e actual para regar os manjares.
Pois é, mano Manuel. ‘ Retomou Job Katende. A adopçao da Governação Electrónica deve ser um plano institucional
com etapas bem delineadas, com recursos, capacitação do capital humano em
todas as frentes da pirâmide hierárquica, e sobretudo, exige mentalização do
liderança da organização. Não pode ser chamada ou evocada apenas para fazer
frente a falta de papel, tonel e tinteiros, quando as pessoas não têm
computadores nem usam Outlook, quando algumas organizações correm para século
XXII e umas ainda teimosas no século XX. Não se deve falar de Governo
Electrónico quando na mesma organização uns navegam na internet e outros nem
à velha máquina sabem dactilografar. É preciso saber que o governo
electrónico das empresas requer uma mesa e uma cadeira por pessoa, uma
máquina que se deprecia com o tempo, mesmo que aparentemente pareçam estar em
condições. Essa crise que estamos com ela passa. A crise vamos combater com
inteligência, chamando soluções adequadas a cada momento e circunstâncias.
Porém, chamar soluções para as quais não se esteja estruturado pode ser
paradoxal.
|
|
Mal Katende terminou o
seu rosário, a sala viu entrar Nkosi Mwenaxi, especialista em tecnologias de
informação a quem sempre se recorria quando o assunto fosse internet e conexos.
- Boa tarde Mano Nkosi,
já sabe que andamos sempre a tertuliar para empurrar o pirão quando o almoço é
em branco. Sinta-se convidado à nossa mesa e a água fica já sob nossa
responsabilidade. ‘ Convidou Manuel Duas horas ávido de mais conhecimentos
sobre Governo Electrónico que só há poucos dias começava a entender, deixando de
o confundir com a estrutura política que rege a organização e gestão do Estado.
Atento
e interessado no assunto, Nkosi Mwenaxi começou assim a sua preleção: numa era
de carências, as mentes são chamadas à exercitação diária para afinar-se
mecanismo e se encontrar vias expeditas que permitam o andamento da engrenagem
administrativa. Sem recursos nalgumas organizações para a compra de insumos
administrativos como papel, tonel, tinteiros, combustível e outros materiais de
reposição permanente, a palavra Governação Electrónica é evocada de hora a hora e
sempre que os procedimentos tradicionais de elaboração e expedição
de documentos se mostre impraticável.
O
que é então governação electrónica e qual é a demanda da governação
electrónica?O bloguista moçambicano Viriato Caetano Dias, na sua pág: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos, afirma que a Governação Electrónica não é mais do que o uso das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no sector público e não só... para a melhoria de vida (das organizações) dos cidadão e do país em geral.
Segundo
o mesmo autor, a aposta na Governação Electrónica, entre os mais diversos objectivos
realizáveis, visa:
» ”Proporcionar o acesso universal
à informação a todos os cidadão e funcionários
para melhorar o seu nível e desempenho profissional (administração,
educação, ciência e tecnologia, saúde, cultura, etc.).
» Criar uma rede electrónica do
Governo que concorra para aumentar a eficácia e eficiência das instituições do
Estado e contribua para a redução dos custos operacionais e melhoria da
qualidade de serviços prestados ao publico”.
Remete-nos tambem à ideia
de facilitar o cidadao na interaçao com as instituiçoes do Erstado e outras,
proporcionando informaçao adequada e actualizada aos contribuintes, disposiçao
de bens e serviços aos utentes, através de redes cibernéticas ou portais que
facilitam a informaçao, acesso aos serviços, usufruto e prestaçao de deveres e
obrigaçoes como o pagamento de coimas, escolha de representantes, constituiçao
de orgabnizaçoes, etc.
Para a materialização
dos pressupostos acima elencados torna-se necessário suprir quesitos como:
equipamento, modernização, manutenção e capacitação do Capital Humano.
- O quesito equipamento
remete-nos ao apetrechamento das instituições com tecnologia electrónica para
dar vasão ou fluidez aos processos.
Computadores, impressoras, data shows, scanners, instalações para trafegar as
informações, softwares, servidores, contas de e-mail corporativo (informação
institucional não deve ser trafegada em caminhos alheios) entre outris, são
imprescindíveis para que haja uma cultura de governação digital.
-
A modernização tem a ver com a atualização dos equipamentos e programas cujo
dinamismo de evolução não pode ser ignorado. Torna-se necessário que as
organizações estejam a par da revolução tecnológica, não ficando distanciados
dela, pois programas e máquinas em desuso podem complicar mais do que facilitar
ao não corresponder com os exemplares modernos nem reagir no tempo e
performances deles esperados.
-
A manutenção é o pilar da durabilidade e fiabilidade: programas de combate às
invasões virais, manutenção preventiva e reativa dos hardwares, testagens dos
sistemas operativos, entre outros, devem ser permanentes para que não haja
estrangulamento na recepção, processamento e saída de informações ou dados.
-
Capacitação: para além da autossuperação, as pessoas e organizações a que o Capital
Humano pertença têm de estar envolvidos em planos e programas de capacitação e
refrescamento contínuos em TIC. Como conceber a Governação Electrónica numa
organização em que haja pessoal administrativo sem conta de e-mail ou que
ignore as vantagens da internet?
Podíamos
elencar outros elementos, mas esses bem servem para uma reflexão preliminar. A todos
eles se deve agregar o Capital Financeiro que é de extrema utilidade e
condicionante.
Sendo
que a necessidade nos impele a pensar fora do comum, uma vez aqui chegados, é tempo de despertar os assessores,
consultores e orçamentistas para o exercício de uma magistratura de influência positiva junto dos decisores de
topo para um olhar mais atento e
agregador aos factores que podem ou não alavancar uma eficiente
Governação Electrónica nas organizações públicas e privadas: é necessário
investir em materiais informáticos, seguir a sua evolução, desmobilizar o equipamento com vida útil vencida, investir
em programas ou softwares de protecção, proceder as manutenções preventivas,
actualizar os softwares, substituir os periféricos que se tenham avariado, etc.
É desta forma que as organizações afectadas pela crise financeira ultrapassarão
a crise de resultados laborais. Mesmo em agricultura, as boas safras muito
dependem da forma como as campanhas agrícolas sao preparadas e como o plantio
foi seguido ao longo do seu crescimento.
Boa
reflexão e crítica.
Sem comentários:
Enviar um comentário