PREFÁCIO
Nesta fase delicada
do uso da Língua que nos faz Nação, em que boa parte da nossa juventude vive os
dilemas do “Enxaguar ou Ensaboar”; do “através ou por causa” e ainda do “lhe em
vez de o-a” (vou lhe visitar ou vou visita-lo?), fiquei positivamente surpreendido
ao folhear os textos versificados do Edy Lobo. Parabéns pela forma cuidada com
que usas o nosso principal veículo de comunicação e de literacia.
À semelhança dos
caminhos que me levaram ao meu padrinho literário, Tazuary Nkeita, Edy e eu conhecemo-nos
pela via (através) da rede social Face Book, tendo me sido encaminhado pela
amiga comum Luísa Rogério com quem trilho léguas profissionais.
Surpreendeu-me a
humildade de um jovem desse tempo em que mais
se grita do que se conversa e mais
se conjuga o verbo ter do que o ser (valores). Para além de imaginativo e
laborioso (a arte da escrita remete o executor à inspiração e transpiração),
Edy Lobo é também um bom conversador, recheado de maneiras e polimento. E é também
isso o que o leitor encontrará na presente obra: puros diálogos versificados.
Teu
amor não me é suficiente...Teu amor não me chega! | Ao mar quero pedir razões para uma só
mulher amar. (In: UM SÓ AMOR NÃO ME CHEGA).
É, de facto, o amor,
nas suas distintas dimensões, que Edy Lobo apregoa em todas as páginas deste
livro.
Para mim, é uma das
características da poesia dizer grandes coisas com palavras poucas. E,
recriando Arlindo Barbeitos, diria mais. O poeta não grita mas também não
emudece perante situações que do quotidiano que despertem o seu olhar crítico.
Nessas “Convulsões do
pensamento”, Edy Lobo procura trazer-nos ideias sobre as pessoas, a vida e o
amor. O leitor aperceber-se-á disso nas leituras que permitem o texto poético.
À guisa de isco e cônscio
da intangibilidade do texto poético, dada a sua acentuada polissemia, convido-o
à leitura do poema-título “Nas convulsões
do meu pensar”, (pág. __) que confirma as preocupações do autor com o homem,
enquanto ser social, gregário e racional, doptado de valores universais que se
deviam manter invioláveis.
Edy Lobo lança-nos,
nessa sua obra primeira, um alerta para o despertar do sono e da apatia, ante o
surgimento de novos fenómenos que ensombram a nossa (co)existência. E, o nosso
poeta “convulsiona” ao se debater com
“Amores económicos (que) gritam em
qualquer esquina|Ventos corruptos (que) incentivam a mais inocente menina|
Adultos logros despidos totalmente de juízo...
Lida proposta em
presença, encontro em Edy Lobo uma picada
aberta (que como qualquer arte e artista deverá ser trabalhada) para uma longa jornada literária. Muito
mais reterá, para além destas humildes palavras, depois de percorrer a
totalidade das páginas que fazem esse livro, missão para a qual lhe endosso o
convite.
Ao terminar,
consolo-me com a riqueza da sabedoria bantu que nos orienta: O caminho faz-se caminhando.
Segue
o teu caminho, poeta Edy Lobo!
Soberano Canhanga,
Luanda, 18 de Janeiro de 2016.
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