Este conto é parte do livro "As travessuras do Jacinto"
Jacinto
era um rapaz de 13 anos, adolescente hábil, que executava que executava as
tarefas com rapidez e rigor. Nunca fugia à luta. Dada a sua inteligência,
percebia as missões que lhe eram incumbidas e as executava ao pé da letra.
Vivendo
com a avó no período de férias escolares, certo dia Nakulu que ia manhã cedo á
lavra, ordenou:
- Oh
neto!
-
Avó! - Respondeu ele, sempre pronto.
-
Estou a deixar a mocroeira[1]
na tarimba. Se por acaso chover, luta com a chuva! – Retirou-se a velha
cambaleante, descendo o monte que separa a aldeia da lavra.
-
Ordem dada, ordem acatada, avó. - Respondeu Jacinto.
A
velha Nakulu e as amigas foram cantarolando a caminho da naka enquanto Jacinto
se preparava para a peleja. O céu estava carregado de nuvens. Umas eram
brancas, outras cinzentas e outras ainda escuras parecendo fumo preto. Fazia
remoinho no céu. Longe, não muito longe, ouviam-se estrondos que recordavam a guerra
do passado. Os trovões que anunciavam a chegada da água pareciam explosões de
obuses.
Jacinto
começou então a juntar paus e pedras. Teria uma luta renhida com a chuva.
Mal
caiu a primeira gota, Jacinto começou a jogar os paus e as pedras que tinha junto
de si contra a chuva que gotejava cada vez com maior intensidade.
A
última pedra lançada correspondeu à última gota.
-
Balas terminadas inimigo vencido! – Disse Jacinto para si mesmo.
Não
tardou a chegada da velha Nakulu que ao ver o neto todo exausto perguntou:
-
Porquê deste aspecto sujo e sofrido?
-
Avó! Lutei com a chuva conforme recomendou ao ir para a lavra.- E a macroiera?
- Calculo que esteja no lugar. Nem houve tempo para a ver, pois a luta não foi fácil.
Dito
isso, a velha meteu-se aos prantos e a reclamar da tristeza que era o seu neto.
O
assunto foi motivo de comentários durante semana e meia na aldeia e teve de ser
julgado pelo soba dadas as represálias que a velha infringia ao neto por ter
deixado a chuva arrastar a sua macroeira.
Lei
Para Todos, o soba de Muxaluando[2],
convocou todo o povo da aldeia. Chamou os que tinham formação académica e
aqueles que não tinham estudado. Buscou estórias do passado em que ordens mal
dadas foram também mal acatadas e resultaram em prejuízos para a população.
Depois da análise do caso, os notáveis[3]
da aldeia deram razão ao menino Jacinto, pois a ordem para a recolha do bombó à
chegada da chuva fora mal dada.
Sem comentários:
Enviar um comentário