domingo, 1 de junho de 2025

Jornal Angola Económico | ESCRITOR SOBERANO KANYANGA

O que o levou a escolher a temática da motivação no ambiente de trabalho, especificamente no contexto do então Ministério da Geologia e Minas?

= Quando, em 2015, cheguei ao então MGM, nomeado director de RH, encontrei muitos desafios como a falta de assiduidade, pontualidade, improdutibidade, a falta de comprometimento e outros aspectos, por parte dos colaboradores, que prejudicavam a organização. Para mim, saído de uma empresa privada onde cada um conhecia o seu descritivo de funções e a actividade estava virada para os resultados, aquilo foi um espanto e preocupação, cujas causas precisavam de ser  conhecidas e mitigadas. Emergi na organização, visitei os outros ministérios que se encontravam no largo António Jacinto (Educação, Cultura, Juventude e Desportos, Agricultura, Antigos Combatentes e alguns departamentos do Mirex) para fazer uma analogia. O primeiro exercício foi ao olho e por via de conversas e permitiu perceber o que os outros tinham e nós, MGM, não tínhamos, e os resultados 

que podiam advir da implementação de certas medidas como o transporte para os funcionários, o seguro de saúde, o maior controlo da pontualidade, a responsabilização, a clarificação das tarefas a atribuir ao colaborador, assim como estabelecer deadlines para a conclusão de tarefas, a melhoria da remuneração e da qualidade de vida no trabalho, a formação, entre outos aspectos.

Quais foram as principais descobertas do seu estudo de caso em relação ao impacto da falta de motivação nos colaboradores?

= A gestão deve ser proactiva e transparente; a comunicação deve ser melhorada na verticalidade e horizontalidade; a política  retribuitiva (remuneração) deve ser adequada e justa; os colaboradores devem conhecer os seus direitos e deveres e os materializarem; a capacitação deve ser contínua; deve haver mobilidade interna para que o colaborador execute as tarefas que saiba e goste; a organização deve responsabilizar os incumpridores; o ambiente laboral deve ser sadio e adequado; deve haver ferramentas e equipamentos de trabalho, etc. É preciso ler o livro.

Como define a relação entre motivação e desempenho organizacional e que evidências apresentas em seu livro para apoiar essa conexão?

= A motivação é intrinseca. O empregador/gestor cria elementos potenciadores da motivação. Trabalhador que se reveja na organização e lute por ela, que esteja consciente de que as suas rendas provêm do seu trabalho, ou seja, que é reforço e não esforço, é um trabalhador motivado. Trabalhador motivado é produtivo e feliz no local de trabalho. Quem passe mais tempo no local de trabalho do que em casa deve sentir-se feliz e gostar de ir aonde presta labor. Motivação e produtividade estão relacionadas.

Durante o processo de pesquisa, quais desafios encontrou ao abordar a questão da motivação no sector mineiro?

= Os desafios foram muitos e começam pela excessiva ideia de que "não se pode falar sobre o trabalho ou sobre o que se faz no trabalho" (cultura do secretismo), mesmo se tratando de um estudo sociológico e com fins académicos (serviu para Pós-graduação e Mestrado). Tivemos de iniciar por obter uma autorização do Ministro Francisco Queiroz, que gostou da iniciativa e autorizou de imediato. Todavia, levei mais de seis meses para recolher uma amostra de 70 inquiridos entre uma população total de 140 colaboradores. A falsa ideia do secretismo ou o desfoque total às questões que digam respeito à melhoria de determinadas práticas administrativas são males que ainda ensombram a administração pública. Em contra-senso, aquilo que se procura esconder aos colegas sai às redes sociais, uma prática que deve ser banida. Tivemos desafios, entretanto superados, pois a vontade de terminar o estudo, para compreender cientificamente a organização e propor melhorias, assim como terminar um desiderato académico, falaram alto. Devo ressaltar o empenho dos meus liderados do GRH, em especial a Helena Cuca, que ajudou bastante na mobilização e recolha do inquérito em que participaram todos os extratos da organização. Directores, chefes de departamento, chefes de secção, técnicos superiores de diferentes categorias, técnicos, técnicos médios, administrativos, operários, todos foram inquiridos. 

Como o lema das Jornadas do Mineiro, "Mineração Responsável, Futuro Brilhante", se relaciona com os temas abordados em seu livro?

= A apresentação pública do livro esteve enquadrada nos festejos do Dia do Mineiro que, para 2025, tem o lema "Mineração Responsável, Futuro Brilhante".

Quais são suas expectativas em relação ao impacto que sua obra pode ter na maneira como as organizações pensam sobre a motivação de seus colaboradores?

= O livro/estudo é um despertador quer para os colaboradores, quanto para os líderes. Foram levantados aspectos que, às vezes, nos passam despercebidos. Foram feitas recomendações também. O livro é por si, um começo e não um fim. As abordagens devem ser continuadas em outros prismas. Sendo resultado de um trabalho científico-académico, também pode servir de consulta a estudantes e gestores de RH. 


quinta-feira, 1 de maio de 2025

"A FALTA DE MOTIVAÇÃO E IMPACTO NOS COLABORADORES" AOS OLHOS DE LÍZIA HENRIQUE

 DALAI LAMA UMA VEZ DISSE “TODA ACÇÃO HUMANA, QUER SE TORNE POSITIVA OU NEGATIVA, PRECISA DEPENDER DE MOTIVAÇÃO”

Boa tarde a todos,

É com enorme prazer que vos dou as boas-vindas a esta sessão tão especial de lançamento do livro A FALTA DE MOTIVAÇÃO E O IMPACTO NOS COLABORADORES- UM ESTUDO DE CASO NO MINISTÉRIO DE GEOLOGIA E MINAS, uma obra que promete marcar não só os leitores, mas também o panorama literário nacional.

Hoje, temos a honra de contar com a presença do seu autor, Luciano Canhanga |Soberano Kanyanga|, uma figura que se destaca pela sua sensibilidade, dedicação à escrita e pela forma como consegue transformar palavras em emoções vivas.

Luciano Canyanga tem vindo a construir um percurso notável, seja através da sua escrita envolvente, bem como da sua capacidade de observação da realidade.

Este, sempre esteve ligado ao jornalismo e comunicação institucional, mas foi nas vestes de Director de Recursos Humanos que se viu digamos, "forçado” a imergir nos desafios que encontrou no então Ministério de Geologia e Minas, quando convidado a dirigir o GRH, após colaboração em uma empresa extractiva (a Sociedade Mineira de Catoca)

Eventualmente, você pergunte: Que desafios encontrou?

 Meus senhores e minhas Senhoras estes desafios encontram-se no livro!

O livro em destaque, aborda um tema crucial para o desempenho organizacional, especialmente no contexto do funcionalismo público angolano.  

Este livro representa não apenas uma contribuição valiosa para o campo de Recursos Humanos, mas também um testemunho do rigor, da dedicação e da paixão que o autor deposita no seu trabalho. Ao longo das suas páginas, somos guiados por uma análise profunda, sustentada em investigação atualizada, metodologias sólidas e um espírito crítico exemplar.

A pesquisa realizada revela, que a falta de motivação é um dos principais factores que impactam negativamente o desempenho dos colaboradores, sendo um desafio significativo para a gestão de actividades no setor público.

Na referida pesquisa o autor utilizou métodos quantitativos e qualitativos, incluindo questionários aplicados a setenta funcionários, a fim de explorar as causas e consequências da desmotivação no então Ministério de Geologia e Minas.

O estudo, realizado no Ministério de Geologia e Minas, identifica que a ausência de políticas e acções voltadas à motivação, como o reconhecimento, a remuneração adequada e incentivos como o seguro de saúde e a formação, contribui para a desmotivação dos funcionários, cujos resultados negativos para a organização todos os gestores conhecem.

Entre as conclusões, destaca-se o facto de a motivação estar diretamente ligada à recompensa e ao estilo de liderança, e que as variáveis sociodemográficas influenciam os resultados. É ainda sugerido, que as lideranças devem repensar as suas práticas para melhorar o ambiente organizacional e a valorização dos colaboradores.

Para além do rico conteúdo, que é uma nítida fotografia dos desafios com que se debatem muitas das instituições públicas, para não dizer todas, o autor procurou, igualmente, preservar a história de um colectivo de colaboradores que cada um ao seu nível, procuraram prestar um serviço público digno e humanizado.

Hoje, infelizmente, não podemos dizer à nova geração que no Largo António Jacinto (conhecido como largo dos Ministérios) existiu um edifício que atendeu os Serviços de Geologia e Minas e, posteriormente, o Ministério de Geologia e Minas, pois este edifício (mostrar a contracapa) já não existe.

Termino com um sincero agradecimento a Luciano Canhanga, não só pela obra que hoje nos apresenta, mas também pelo contributo inestimável que tem dado ao desenvolvimento do conhecimento.

Convido agora o autor a partilhar connosco um pouco do seu processo criativo, das motivações por detrás deste livro e, claro, do que podemos esperar ao mergulhar nesta leitura.                  

Muito obrigado a todos pela presença.

Lízia Henrique

Em Luanda, aos 24 de Abril de 2025.

domingo, 23 de março de 2025

AS CHALADICES DO "BEBÊ"

Nota prévia:

O meu primo, de quem me fui despedir pela última vez (ele em outra dimensão da vida e eu nesta prevalecente e ainda racional), nasceu Kitumba. Uma razão terá existido para que lhe fosse atribuído um nome relacionado a amuleto feiticista. No registo civil, entenderam os pais dar-lhe um "pomposo" nome português e passou a Adriano Kambota. Quando fosse a Luanda, tratávamos-lhe por "Guerra fiz mal", em alusão a uma de suas calinadas quando se comunicava em língua portuguesa, dado que toda a sua comunicação era feita, essencialmente, em Kimbundu.

Também soube, da minha mãe, que o antropónimo Kambota está relacionado a uma praga de gafanhotos que aconteceu em um ano qualquer da década de 20 ou 30 do século XX. Primeiro surgiram os gafanhotos, vindos "dos céus" que devoraram tudo o que esverdecia. Chamaram ao fenómeno Ikoho [gafanhotada] e todos os que nasceram naquele ano ganharam o nome de Kikoho [grande gafanhoto ou gafanhotada].

Aditou ainda a septuagenária que depois de devorarem as lavras e o mato incultivado, "os gafanhotos ovificaram e nasceram outros menores em tamanho e quantidade. A estes insectos, menos 'agressivos' e lesivos aos interesses agrícolas do que os precedentes, tendo sido usados para 'forrar os estômagos', enquanto 'conduto', foram apelidados de kambota. Assim, grande parte dos rapazes nascidos naquele ano que a iliteracia não registou foram apelidados de Kambota".

O meu tio, que no registo civil ganhou o nome Xavier Kambota, nasceu no tal ano em que eclodiram os gafanhotos kambota, depois do ano dos kikoho.
Bem, a prosa é sobre Bernardo, rapaz do Dondo [Marginal], que me encontrou junto à barraca [cacussaria] da dona Páscoa, onde, normalmente paro para fazer a minha refeição de "meio-da-viagem" ou encomendo algo para abocanhar à chegada ao destino. Desde que o meu filho Arlindo entornou o frasco da dona Páscoa contendo a "farinha museke" que paro para adentrar a barraca dela, para pegar a encomenda feita previamente ou indico parentes e amigos a frequentar o sítio dela. Estão já transcorridos dez ou mais anos.
_ Papá, deixa-me lavar os teus ténis, é só duzentos. _ Atirou o bernardo, algo simpático e marketeiro.
_ Filho vou à lavra. _ Respondi, afagando-lhe os ombros.
_ Pai, pode limpar os ténis. É para os macacos te estranharem. _ Insistiu o Bernardo, com elevado sentido de humor.
Recebida a encomenda da Dona Pascoa, pois seguia apressado para a aldeia de Pedra Escrita [Munenga] para assistir ao óbito do meu primo Kitumba e não havia tempo para sentar e apreciar a chopa, levei a mão à algibeira das calças e a minha mão conseguiu "pescar" uma moeda de kz 50 que dei ao Bernardo. Este, sempre bem-humorado voltou a recomendar.
_ Papá, cuidado com buracos na estrada que estão a ser tratados como frangos.
_ Como frangos? Como assim? _ Retorqui.
_ Sim, Papá. Primeiro, deixam engordar, depois é que abatem [tapam].
Só quando estava a trafegar entre o desvio da hidroeléctrica de Kambambi e o [novo] Kyamafulu [ponte sobre o rio Kwanza] me apercebi que havia um trabalho de tapa-buracos que tinham deixado engordar.
...

Episódios ocorridos a 18 de Março de 2025. Texto publicado no Jornal de Angola a 23.03.2025.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Um "VIJU" NO DIA DOS NAMORADOS

(Extracto de "O relógio do Velho Trinta)

Ao chegar da viagem, no aeroporto internacional de Mwangope, uma inusitada conversa entre pai e filho atraiu a atenção de Satula que fazia contas para se desfazer, sem dinheiro, daquele recinto.

_ Pai! _ Chamou o rapaz, dez anos, mais ou menos. _ O papá não está a viajar à África do Sul por causa do seu cancro na próstata?

_ Sim filho. _ Respondeu Basílio de Melo. Sessenta anos, mais ou menos, e cabelo algodoado a embermar a pista encefálica.

_ E porquê que o papá disse ao senhor que nos saudou que tem sida, se o exame do médico diz cancro na próstata? _ Voltou a questionar o rapaz na sua inocência.

_ Filho! É preciso ser táctico. Ser vijú. Esses gajos andam de olhos no meu kumbú e na tua mãe. Assim, o boato se alastra e já ninguém colhe as minhas frutas! 
_ Respondeu Basílio, um conhecido empresário de Mwangope, desfazendo-se da incómoda pergunta do garoto que não percebeu a ironia. _ Olha, filho, vê aí se há algo que te agrada. _ Emendou.

Encostado a uma parede, Satula magicava o futuro. A reflexão durante a viagem remeteu-o para um estreito desfiladeiro. “Um empresário sem urnas e, pior ainda, sem as galinhas de ovos de ouro que eram os clientes ricos da zona baixa de Mwangope”. Faminto e cansado, sentia o chão a fugir-lhe. Faltava-lhe energia para se reerguer e chegar à casa. Decidiu caminhar até se acoitar debaixo de uma árvore, das raras que enfeitavam as ruas da cidade. Fez as contas do troco no bolso e traçou o plano: “andar num azul-e-branco até à casa custa, até ao fim do percurso que separa o Aeroporto a Vila Nova, um total de $400.00, valor dividido por 4 trechos de igual valor”.

_ Tenho que me meter mesmo neste carro da kandonga, que me vejam e comentem. _ Afivelou em voz baixa.

Umas vendedeiras da zunga que o ouviram a desabafar tentaram pôr conversa fiada, apenas para entreter.

_ Como é que um tio desses, assim com barriga tipo boss, vai andar no “conta novela” [1]?

_ Hum! Deve ser só barriga de mentira. _ Disse outra para depois troçar: _ Tio compra já mebendazol e num fica só com barriga tipo és boss, afinal é ‘mbora bichas.

Satula não deu importância à falácia e seguiu o seu caminho, trocando prosas com um companheiro de desgraça até à paragem mais próxima dos machimbombos.

_ Epá! _ Disse ele para o homem ao seu lado esquerdo _ Isso agora parece que está mais p’ro inferno do que para a urbanidade!

_ Sim, meu camarada! É só ver como andam as pessoas nos carros. Todos ensardinhados e a engolir cada vez mais poeira levantada pelos veículos...

_ É mesmo! Isso anda maluco! E nós que estamos mais no interior do que na capital sofremos mais ainda.

_ Pois é. _ Replicou Kitomangombe, o seu interlocutor, que vivia ininterruptamente na capital. Porém, a semana de ausência no Nordeste, também lhe causava estranhezas.

_ E como é que vais à casa? _Perguntou ainda Kitomangombe.

_ Epá! Eu me desenrasco... De qualquer meio que aparecer. Kupapata[2] ou mesmo “avó chegou” [3], tudo serve. _ Respondeu Satula, sempre irónico.

Kitomangombe seguiu o caminho do Roda Ponteiro e Satula dirigiu-se a uma agência bancária que ladeava a estrada da Revolução Bolchevique. Estava decidido em alugar uma viatura particular caso conseguisse dinheiro. Pretendia chegar cedo à casa, onde os filhos e a amada o aguardavam esperançosos. Afinal era Dia dos Namorados.

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[1] Nome atribuído aos autocarros devido à lentidão e demora que levava os frequentadores a contarem a novela apresentada na Tv para evitar a fadiga.

[2] Motocicleta.

[3] Motorizada de três rodas; vulgarmente usada pelas idosas provenientes das lavras ou dos mercados, transportando mercadorias.

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Publicado pelo Jornal de Angola a 16.02.2025

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O "PROSTÍBULO" DO ANDRÉ

André, jovem de 25 anos e culturista, era operador da Konica, a famigerada fotocopiadora nos anos 90 do século XX, na empresa Kuditemo Lda., maior fornecedor de kuribotices de então na regedoria de Kuteka.

Ao André Kitongo se dirigiam todas as secretárias e pessoal do expediente que, na ausência do jovem, deixavam os documentos por fotocopiar, apensando-lhes recados em post it de distintas cromagens e modelos: longos e estreitos, formato coração, verde-amarelado, verde-alface, cores quentes, frias e rosa e tantas outras que, com o tempo permitiam-lhe descortinar a origem do pedido e adivinhar a ordem de urgência.
Sempre que o André voltasse ao seu posto, executava as tarefas e levava as cópias aos solicitantes, conservando, no entanto, os post it que depositava em uma caixa para posterior contabilização e relatório de trabalhos efectuados.
Lembramo-nos de alguns:
_ André, quero frente e trás. Jéssica.
_ Querido André, hoje quero só de trás. _Bela.
_ Andrezinho, hoje tens de fazer rapidinho. Quero duas de trás. Rosa
_ André, sem demora, estou sem muito tempo. Quero de frente. Rápido... Andresa.
Tempos depois, o serviço mudou de instalações para obras de restauro. A caixinha de recados permaneceu naquele gaveto entre as duas alas do edifício. Vieram tempos de abandono, os mendigos, homeless, vagabundos e mulheres da vida fizeram das instalações o seu quartel. Alguns recados ao André foram materializados, mas a caixinha se manteve com a única alteração de ter ganhado poeira e bolor. Passou mais tempo. Vieram, finalmente os homens da empresa restauradora.
Os restauradores encontraram a caixa em que André conservara os recados, lendo, sem a devida contextualização os conteúdos ajindungados, levando-os a apelidar aquele cubículo de "prostíbulo do André".