quarta-feira, 30 de abril de 2014

MATO OU MORRO


"Me larga. Ó mana, me larga só. Tira a mão da minha camisa, pode rasgar. Estou a falar ´mbora a minha verdade. Não te fiz nada de mau, não te devo dinheiro, nunca te maldisse, nunca entrei na tua casa... por que me persegues e me prejudicas, ó mana desgraça?"
A música expelida pelos altifalantes soava alta e as pessoas, que já se acotovelavam para passar naquele beco estreito, tinham de se esforçar ao máximo para perceberem outras conversas sobre a chuva que tinha arrasado a aldeia de Wanda. Na phela do soba, nas abcissas das ruas, no arreió-arreió e até nos leitos mais íntimos das casas era a dona chuva que estava nas conversas.
Matadidi, o mecânico da aldeia, tinha perdido o carro dum cliente arrastado pela fúria da água que descia da kamunda ao riacho, levando tudo o que encontrara pelo trajecto. Nela do Pacote, a mulher mais encaixotada da aldeia de Wanda, teve de se pôr a nado para salvar o mona que engolia já litros de água, enquanto ela e o amante navegavam entre prazer e mar chuvoso...







Pretendo escrever um livro com esse título e essa iniciação. Quero inspiração e força para a transpiração necessária na arte literária. Haverá mão caridosa para uma bolsa de criação para neófitos como eu?

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